sábado, 21 de fevereiro de 2009

O triste destino da embalagem de Yop

Deixem-me adivinhar. Querem saber o que faço estatelado na estrada com as entranhas de fora, certo?
Este triste estado a que cheguei, como podem testemunhar com os próprios olhos, deveu-se à selvajaria de um homicida.
No entanto, sempre fui bestialmente azarado, por isso, não estranho ter ido parar às mãos desde condutor, repito, sanguinário “homicida”.
O automóvel, uma árvore de natal ambulante, cheio de luzes fluorescentes, tinha, em cima do tablier, imagine-se, uma Nossa Senhora em miniatura que dançava ao som de uma música irritante e monocórdica.
A música falava de gangues, dinheiro, tiros e de gajas e como era bonito matar um bófia com uma pistola automática.
Com mil diabos! Podia ter ido parar às mãos da Diana Chaves, quem sabe, que me guardaria carinhosamente como recordação, depois de ingerir com prazer o meu líquido branco com sabor a morango, mas não, fui logo servir de snack para o maior energúmeno de Portugal.
Sou bestialmente azarado, já vos disse, não foi?
Além de ser um bimbo de primeira, o condutor era um tipo estranho: Apanhei um valente cagaço quando parámos na estação de serviço.
Lembro-me de ter ouvido tiros e de ver o animal, enquanto corria como um louco, com uma pipa de massa debaixo do braço.
Depois, arrancou a toda a velocidade ao estilo dos “Três Duques”. Caramba, não percebi o que aconteceu mas fiquei meio assustado.
O momento mais doloroso, foi, sem dúvida, quando voei janela fora rumo ao abismo.
Sempre ouvi dizer o cliché “recordamos toda a nossa vida no segundo anterior à nossa morte”.
Primeiro, não é segundo nenhum, mas sim, um oceano de tempo: os bons momentos com a minha família no supermercado, as longas conversas com o Yop ananás e limão, as belas formas da garrafa de Coca-Cola, sempre elegantemente no expositor da frente, a música do comunicador - normalmente eram os Coldplay - que, apesar de gostar da banda, fiquei farto de os ouvir, entre muitas outras coisas que quero guardar para mim.
Vasco CCS

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