sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A importância de se ser uma palavra insignificante


A língua portuguesa fascina-me. Estou sempre a dizer isto. Tem tantas palavras essenciais, esta língua. Palavras sem as quais não podemos viver. Como por exemplo, pronomes relativos ou conjunções integrantes começadas por “quê-de-nove”.
Penso como seria a nossa vida se um dia nos proibissem de utilizar determinada palavra. Se o Governo ou a Academia decidissem instituir o seguinte mandamento: “pronomes relativos e conjunções integrantes começadas por “quê-de-nove”, a partir de agora, são palavrões, não se podem usar”, e nós tínhamos de nos habituar a viver sem palavras tão essenciais.
Às vezes, quando gostamos muito de um livro ou de um filme, temos a certeza de não ser possível viver sem voltar a reler o livro ou a rever o tal filme. São essenciais. Como será, então, viver sem certas palavras, palavras normais, aborrecidas, pouco originais talvez, mas mesmo assim tão necessárias?
Não sei. Não consigo responder a isto. Mas será, com certeza, complicado.
As palavras normais, aborrecidas, os tais pronomes e conjunções começados por “quê-de-nove” são como tantas outras coisas na vida – não notamos quando lá estão, mas quando se vão embora sentimos-lhe a falta.


Rita Faria

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