sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A boda

exercício das 5 palavras obrigatórias, Susana Crispim

Primeiro hesitou, mas por fim lá se decidiu a tirar a luva. Ainda não estava habituada a olhar para a mão, para o dedo, para o anel que agora enfeitava o anelar. Afinal, só tinham passado vinte e quatro horas desde que se tinha casado.
A boda tinha corrido bem. Principalmente se pensarmos que era pleno Inverno, a temperatura não ajudava a usar roupa de cerimónia e o lugar escolhido para o copo-de-água era quase no meio do nada. Excelente ideia a de aproveitar a enorme janela para pelo menos poder contemplar as maravilhas da serra.
Os empregados de catering tinham-se esmerado. Lembrava-se com especial carinho de um que se chamava Mantorras. Era enorme, parecia um jogador de rugby, mas mesmo assim servia bebidas e canapés com a elegância de um lorde inglês. Se é que um lorde inglês poderia ter tal elegância, é claro.
Quase lhe custava a acreditar que tinha dado este passo. Tinha pensado, repensado e acabara por seguir em frente. Alguma dúvida que ainda lhe restasse acabou quando, ao olhar para a cama, o viu deitado. Pedro dormia profundamente, e a cabeça estava coberta pelo travesseiro enorme, ou chouriça, ou lá como lhe chamavam.
Por agora, não havia volta a dar-lhe.

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